Como a mente gosta de histórias, contarei uma que escutei recentemente:
“Manipulando um novo notebook acessei diversas emoções.
A que mais me marcou foi a sensação de nostalgia. Queria ter o meu notebook velho de volta.
Me arrependi de ter desapegado e chorei como uma criança que aceita que cresceu e joga a chupeta fora. Só que na hora de dormir, ou seja, quando o comportamento solicita a segurança que o hábito favorecia, ela chora desesperadamente sofrendo por não conseguir administrar adaptação que o novo exige. “
Vivenciar pequenas mudanças concomitantemente é desafiador.
E na maioria das vezes não temos clareza do quanto a resistência está presente quando a proposta é inovar ou como escutamos frequentemente, sair da “zona de conforto”.
Já parou para refletir, a quem você recorre nas crises que seu ego manifesta solicitando proteção?
Talvez busque o adulto sério que habita seu ser. Ou aquela parte impulsiva que se distancia do problema esperando que o mesmo seja resolvido por alguém ou magicamente ganhe uma solução.
Acredimos que não estamos prontos para mudar, crescer e ganhar mais consciência. Por aceitar esse pensamento nós viramos as costas para o novo. Choramos, brigamos, negamos as oportunidades e sofremos.
Já parou para chamar a sua criança curiosa que se diverte com a busca e descobertas?
Quando faço esse questionamento muitas vezes escuto: ” Sim. Só que parece que ela não me escuta ou nunca existiu.”
Talvez esse seja seu desafio, dar colo para sua criança que se tornou adulta tão cedo. Dar voz para ela começar a te dizer o quanto estranha o diferente.
Permitir que no tempo dela, o desejo e a alegria diante do desconhecido surjam.
Como um primeiro contato sugiro que diga amorosamente: “Minha menina. Pode vir… Não vou mais gritar para que aprenda logo. Terei paciência. Sei que sente medo, eu já te assustei muito.”
Se sentir que está pronta continue: “Hoje assumo o compromisso de não mais te privar de algo somente porque você não correspondeu minhas expectativas. Você é perfeita, exatamente como se apresenta. Temos um longo caminho de conquistas para trilhar. Você aceita?”
Esse diálogo não resolverá todos os seus problemas. Nem mesmo te libertará dos bloqueios inconscientes. Só que uma coisa eu garanto. Você começará a ficar receptivo para um mundo que até então era distante. Esse lugar de paz, amor e consciência, já te pertence. Só que o medo ainda não te permite ver.
Quando fizer essa aproximação com essa sua parte feliz, carinhosa e extremamente flexível, você perceberá o início de um longo caminho de volta para casa.
Boa sorte!
Poliana Mota.
Psicóloga e psicoterapeuta.