Vamos viver?

“Eu acordei e não consegui me levantar.
Não foi uma vez. Foram muitas vezes.
Muitas e muitas vezes eu tive dificuldade de acordar.
Não porque tinha sono.
Mas porque acordava assustado. Já com medo que poderia acontecer no dia.
Muitas vezes acordei apavorado porque sabia que teria que enfrentar questões no meu dia.
Reuniões desagradáveis, eventos que não gostaria de participar, contas que tinha que fazer, pagamentos que não tinha como realizar, discussões que sabia que ia enfrentar.
Muitas vezes eu acordei sabendo que iria me machucar em algum momento.
Eu permanecia na cama e torcia para que pegasse no sono novamente e não precisasse viver tudo isso.
E aos poucos fui percebendo.
Eu não tinha medo de morrer.
Tinha medo de viver.
Eu não tenho medo da morte.
Nunca tive medo de me machucar, de ser assaltado, de acidentes, de doenças ou de tragédias.
Acho que sempre via morte como algo natural.
O medo que sempre tive foi diferente.
E só nos últimos dias me dei conta dele.
Era o oposto do medo de morrer.
Era o medo de viver.
Viver é difícil.
Viver é desafiador.
Sobreviver até que é fácil.
Eu nunca passei fome e sempre tive onde dormir. Sempre tive meus pais e meus amigos para me apoiarem.
Mas isso não é viver.
Viver é muito além disso.
Viver é explorar suas habilidades e colocar elas para serem utilizadas.
Viver é expressar suas vontades.
Viver é ter momentos de coração disparado e não fugir.
Viver é não se boicotar.
Viver é falar o que tem vontade de falar.
Viver é fazer o que seu coração grita desesperadamente para que você faça.
Viver é correr riscos.
Viver é tropeçar.
Viver é se machucar.
Viver é chorar.
Viver é sentir dor também.
Viver é se expandir.
Viver é discordar das pessoas.
Viver é ouvir não.
Viver é ser rejeitado e continuar mesmo assim.
Viver é ser criticado e não se machucar com isso.
Ou se machucar e se curar logo depois. A vida por si só se encarrega de te curar de todos os seus machucados.
Viver é se relacionar.
Viver é enxergar a si mesmo em todos os outros.
Viver é aprender a enxergar as semelhanças onde aparentemente só existem diferenças.
Viver é se lembrar que o Divino também está aqui.
Viver é ser quem você veio para ser.
E isso sempre me apavorou.
Porque é muito mais fácil me proteger, seguir o padrão, seguir o que todo mundo faz.
E eu confesso que às vezes gostaria de poder ser somente mais uma pessoa que não questiona nada. Que não se aprofunda e que somente quer poder tomar uma coca e comer uma coxinha para os problemas irem embora.
Mas esse não sou eu.
Eu morro de medo de viver.
Porque sei que quando eu aceito quem eu sou eu terei que sair do trilho.
Para eu poder ser eu mesmo, terei que trilhar um caminho novo.
Porque nunca existiu ninguém igual a mim no mundo.
E eu não me contento com o que é bom para os outros. Não me contento em agradar aos outros.
Quero conseguir me agradar e agradar meu coração.
Se eu seguisse o caminho dos outros, a mata já estaria aberta e eu não me machucaria quase nada.
Mas pra seguir o meu caminho, eu preciso entrar na mata fechada.
E isso apavora.
Mas chega de tudo isso.
Chega de morrer de medo de viver.
Chega de morrer aos poucos.
Vamos viver mais e morrer menos?”(Gustavo Tanaka)

O que você escolhe?

Poliana Mota.
Psicóloga e psicoterapeuta.

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