“Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também…” (Mario Quintana)
Imagine uma realidade interna em que esse nível de desconfiança se apresenta. Como deve ser conviver com pessoas que ativam constantemente a sensação de perigo e insegurança? O medo de ser exposta, de ser abandonada, de ser traída, de ser rejeitada, e muitos outros surgem te fazendo acreditar que se esconder é a melhor estratégia de enfrentamento nas interrelações.
Agora considere que essa percepção que o outro não é digno de confiança, revele mais sobre você, do que sobre o outro em si.
Como é deixar essa ficha cair? Como é abrir um espaço para analisar essa situação por esse ângulo? O outro te mostra a sua dificuldade em confiar. O outro sinaliza que esse receio é seu.
Para falar sobre esse assunto vou utilizar o conceito da Projeção. É interessante perceber como dói aceitar que o que eu vejo no outro pode sinalizar que aquilo está em mim e eu nego.
Projeção é um mecanismo de defesa. Quando pensamentos inaceitáveis, indesejados e emoções surgem, são imediatamente atribuídos a outra pessoa. Reprimir se torna uma possibilidade inconsciente por julgar que ao se responsabilizar está correndo risco ou simplesmente por acreditar que não dará conta de sustentar, resolver.
Quando nós somos crianças culpar o outro é uma estratégia para enfrentar uma situação desagradável. Mas, agora você é uma adulta e pode começar gentilmente perceber que se um tema te mobiliza muito, se uma questão sempre se repete, se muitas pessoas sempre te levam a constatar que não dá para confiar nelas, talvez seja o momento de iniciar essa investigação. Reflita: “O outro não merece minha confiança, ou sou eu que ainda não sei me relacionar com a vulnerabilidade que uma relação de confiança exige?”
Quem traiu sua confiança?
Quando você parou de confiar na sua força?
Quem te enganou, ou ativou em você essa necessidade excessiva de proteção?
Confiar significa o que para você?
Tome consciência. E quando projetar no outro algo que se relacione com o medo de confiar, fique atenta para perceber o que do passado está sendo atualizado.
Poliana Mota.
Psicóloga e psicoterapeuta.
