Não sei se você lembra, mas a sua criança sonhava muito. E não calculava distância, intercorrências, investimento financeiro, ela não olhava para nada que fosse impeditivo. O foco era no que despertava o desejo.
A atenção era voltada para o sonho.
Esses dias eu estava refletindo sobre a relação a que gente estabelece com o sonho. Às vezes, penso que uma mensagem subliminar surge dizendo que só é possível ter um grande sonho. E pronto.
Eu sinto que tenho muitos sonhos, lembro de alguns sonhos da minha criança e com toda certeza ainda terei que resgatar muitos que estão adormecidos, mas o fato é que eu tenho grandes e pequenos sonhos. E sei que os menores não diminuem seu valor e importância para mim.
Conhecer um parque da Disney era um sonho da minha criança? Não. Eu não tinha como sonhar esse sonho. Era algo desconhecido. Uma das formas de aprendizado da criança é por modelagem. Quando temos alguém para nos inspirar, para observar, aquele exemplo, aquela experiência, funciona como um espelho. E perto de mim, eu não conheci crianças que iam passar as férias na Disney. Essa não era minha realidade.
Quando adulta era algo que ainda era distante demais. Grande demais para mim. Até que veio a pergunta: “Quem disse?” E por que estou acreditando nisso? Como faz para tornar esse sonho real?
E assim, minha criança que só sonha e a adulta que lida com as consequências e planeja as etapas da experiência, entraram em ação.
Hoje eu quero sugerir que se permita olhar para seus sonhos. Dê esse nome mesmo. Não chame de meta, desejo, algo para focar. Chame de sonho. Convide sua criança para participar desse exercício. Pergunte para ela: “O que você tem vontade de fazer? Qual é o seu sonho?” Dê voz para sua adulta também. Descubra o que ela secretamente guarda, talvez até dela mesma por medo de se frustrar.
E com esse papel em mãos, sinta como essa consciência chega. Perceba como seu corpo responde ao saber disso. E por fim, investigue como pode realizar. Um por vez.
Se a lista for grande, não desanime. Precisamos começar. Escolha um. E conte a força e os recursos da sua adulta para tornar esse sonho real.
Poliana Mota.
Psicóloga, psicoterapeuta Humanista
e Consteladora Familiar Sistêmica.